No primeiro post (Chupeta e mamadeira) falamos do impacto destes hábitos orais nocivos quando eles se perpetuam na infância.
Se você procurar na internet como retirar chupeta e mamadeira, encontrará muitos vídeos com técnicas e explicações de como você pode agir em casa. Mas antes de pegar o primeiro vídeo e sair aplicando cabe algumas reflexões, e principalmente, como é o funcionamento da sua família para depois disso, você escolher a forma que mais e encaixa no seu “perfil” familiar. Acredito que desta forma você terá maiores chances de ter êxito na primeira tentativa. Afinal, não há nada mais frustrante (para você e para seu filho tentar algo colocar todas as expectativas e não conseguir).
A primeira reflexão aqui é como fazer isso? Pense como você gostaria que fosse feito com você, e principalmente reflita sobre o seu filho (deixe de lado como foi com o filho mais velho, como foi com o sobrinho- Seu filho é único!). Você acha que tirar de uma vez, sumir com a chupeta e dizer: “- Chega a partir de hoje você é uma criança grande e não precisa mais disso.” Ou, você prefere algo mais acolhedor, explicar os motivos para a criança várias vezes, lembra-la que não precisa mais da chupeta, mostrar vídeos e fazer ela também participar do processo da retirada deste hábito.
Depois de um tempo usando chupeta e mamadeira, este objeto têm um valor afetivo também, isso é muito importante ser levado em conta, sugar acalma o bebê e este objeto que ele recorre quando sente dor, sono ou angustiado com algo. Será que retirar de uma vez sem grandes explicações é a melhor forma? Dizendo por mim e na minha experiência de 11 anos como Fonoaudióloga, eu não gostaria que fosse feito desta forma e principalmente vejo que os processos feitos “ditatorialmente” são os que têm maiores chances de falha (a família não consegue sustentar o que acontece depois), de recidiva (várias tentativas sem sucesso), trocas por outro hábito como chupar o dedo, ou danos psicoemocionais que não são perceptíveis em um primeiro momento.
A segunda reflexão é: todos na família estão falando a mesma língua, e ao redor de casa também? Como por exemplo os avós, as babás as madrinhas, as tias. É importante que essa criança já seja colocada neste papel, e não mais de bebê, isso inclui falar com ela corretamente, deixá-la tomar algumas decisões, fazer escolhas e principalmente algumas responsabilidades (como por exemplo guardar o brinquedo depois que espalhou no meio da sala). E o que eu quero dizer com isso, é que não resolve muito só a mãe querer tirar a chupeta e fazer todo um trabalho de conscientização da criança, comprar o copo de canudo mais caro da loja e a babá (por exemplo) na hora de dar o leite falar “- Já vou te dar a “dedeira” (mamadeira)”. Percebe que é contraditório? Ao passo que você quer que ela deixe a mamadeira, você reforça o vínculo oferecendo o leite na “dedeira”. Então, ofereça o leite no copo ou na mamadeira lembrando-a afetuosamente que ela já é uma criança e que ela já é capaz de tomar o leite somente no copo. Deu para entender a diferença? Todo mundo envolvido no cuidado deve abraçar a causa de largar a mamadeira e a chupeta, e não reforçar o contrário, mesmo que em pequenas atitudes.
No próximo texto, darei mais dicas de como fazer a retirada da Chupeta e Mamadeira. Não perca!