“Meu filho entende tudo, mas têm preguiça de falar”

“Meu filho entende tudo, mas têm preguiça de falar”

Olá, papais e mamães, vamos conversar hoje sobre uma frase que eu escuto em eventos ou lugares sempre que eu comento que sou Fonoaudióloga.

“Meu filho entende tudo, mas têm preguiça de falar” ou “Meu sobrinho, têm 2 aninhos é um preguiçoso para falar…”

Bom primeiro, vamos deixar claro que preguiçoso é um adjetivo “pesado” para uma criança de 2 anos, não é mesmo? Em segundo lugar, preguiça é algo que geralmente temos quando estamos cansados, quando não temos energia para fazer coisas (será que a criança está assim para todas as tarefas? Duvido que sim, seja a resposta).  Ainda no pensamento de desconstruir a frase acima, se um dia essa criança estivesse super disposta, dormido bem, se alimentado perfeitamente ela acordaria falando?!

Provavelmente não! Porque falar, é um processo aprendido e exige um complexo funcionamento dos nosso corpo, portanto dizer que uma criança é “PREGUIÇOSA PARA FALAR” é termo muito inadequado. Dito isto, vamos entender que a melhor forma de se referir à uma criança que ainda não fala, seria: “meu sobrinho, é super esperto, tudo que a gente pede ele faz, interage com outras pessoas, mas fala poucas ou quase nenhuma palavrinha”; é bem melhor, não é mesmo?

Dito isso, vou explicar um pouco sobre esta frase:

“Meu sobrinho, é super – esperto, tudo que a gente pede ele traz, interage com outras pessoas, mas fala poucas ou quase nenhuma palavrinha”

Vou usar a definição de Gonçalves, 2015 que: “Comunicação é a capacidade de intencionalmente trocar com os outros, desejos, necessidades, ideias e pensamentos”

Ou seja, somos capazes de nos expressar de forma intencional e completo esta frase, dizendo que somos capazes de fazer isso sem precisar dizer uma palavra por exemplo, os bebês que nos início da vida conseguem modular o choro de acordo com sua necessidade (fome, sono e etc.)

Então, é muito comum (veja bem eu disse comum, não normal) uma criança comunicar suas necessidades, vontades, desejos, medos, compreender todas as ordens e ainda assim não produzir nenhuma palavra. (E NÃO SIGNIFICA QUE ELA É PREGUIÇOSA, ok?)

Significa que nós fonoaudiólogos, temos que avaliar esta criança de por exemplo dois anos e meio que não fala. Justamente porque, diante de todo contexto em que a criança está inserida (escola, família, cuidadores, etc) interferem no desenvolvimento de fala e cabe a nós avaliar os aspectos de linguagem que estão adequados, se há necessidade de somente orientações, ou orientações e reavaliações serão necessárias e em alguns casos indicar a realização de fonoterapia. Isso porque, é esperado que uma criança de 1 ano e meio seja capaz de falar uma frase com 2 a 3 vocábulos Ex: “que binca  na ua” (eu quero brincar na rua); “senta ti” (senta aqui).

Geralmente quando sou abordada com as frases que nomeei este post eu oriento a procurar um fonoaudiólogo para avaliar e verificar o que está acontecendo, durante a conversa (infelizmente) eu ainda escuto coisas do tipo: “o pediatra disse que está tudo bem”, “só esperar, até os 3 anos eles podem demorar mesmo”.  Parem, simplesmente parem de acreditar nisso, ok? Não é normal uma criança de 2 a 4 anos falar super pouco. Não é!! Está descrito na literatura isso. Quanto antes identificarmos as coisas, mais tempo temos de favorecer o desenvolvimento de fala e linguagem. Certo?!

Fga. Leylanne De Robertis

CRFa16423

Compartilhe este artigo:

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on telegram
Telegram
Share on email
Email

Você também pode se interessar por...

× Posso te ajudar?