Se eu pudesse elencar o período mais difícil da amamentação, eu diria que são os primeiros 15 dias, isto porque são muitas mudanças (e muito rápidas) entre um evento e outro, e várias adaptações que acontecem o tempo todo (sem falar no fator puerpério pode deixar estes eventos mais complexos de serem encarados).
Então vamos lá, nasce um bebê e uma nova mãe nasce também uma nova relação que já existia, porém agora ela é mais “física”, a dupla (mãe-bebê) elas estão em franca fase de redescobertas, constante conhecimento e aprendizado. O corpo da dupla muda a cada dia e principalmente o processo de amamentar, estes dois seres precisam se encaixar e fazer as “engrenagens” funcionem, porém em grande parte das vezes não é tão fácil quanto se imagina.
Nas primeiras horas (dia) após o parto aparece o colostro, conhecido como a primeira vacina do bebê. Normalmente ele não é abundante daqueles que algumas mães imaginam saindo em jato, mas é suficiente para satisfazer o estômago do bebê que têm aproximadamente o tamanho de uma cereja, ou seja, algo em torno de 5 a 7ml. Primeira grande mudança, o peito da mãe começa a produzir leite e a nutrir o bebê que até então não fazia esforço algum (dentro da barriga) para se alimentar, o peito (que não está acostumado a receber este estimulo) de sucção fica bastante sensível e as vezes dolorido (não necessariamente ferido), mas dói, muitas vezes ouço o seguinte relato: “não dói, mas é uma sensação estranha”.
Quando a mamãe e o bebê começam a achar que o negócio começou dar certo lá pelo terceiro dia de vida o que acontece? Segunda grande mudança. Sim, alta para casa, como não bastasse isso, o estomago do bebê já triplicou de tamanho e agora passou a ser do tamanho de uma noz e cabe cerca de 22 a 27 ml para dar conta disso o corpo da mãe começa a realizar a mudança do leite, que vai deixando de ser colostro, aumenta o volume (os seios começam a ficam bem cheios e as vezes doloridos). Porém nem sempre o bebê da conta de esvaziar o peito nessa fase eu diria que merece todos os olhos, apoios, orientações e conhecimentos necessários. Primeira grande dica: mantenha as mamas moles, ou seja, massageie antes de oferecer a mama, é importante mama macia principalmente a aréola, pois facilita para o bebê abocanhar corretamente e melhorar a eficiência da mamada.
Vamos lá, o estomago do bebê continua crescendo, na primeira semana de vida atinge mais ou menos o tamanho de um pêssego e cabe cerca de 45 a 60 ml de leite, logo é comum o bebê mais tempo sugando e “solicitando” ao corpo da mãe mais leite. Porém nem sempre ele dá conta desse volume, as vezes (muitas vezes) com o aumento da demanda do sução a pega fica errada e pode machucar a mãe, o mamilo está sensível ainda, lembra ?! E pode ocorrer da mãe não conseguir dar o peito tempo suficiente para que ele esvazie a mama sendo assim, Segunda grande dica fique atenta ao seu peito esse aumento da produção chamado de apojadura, se não for bem manejado pode causar nódulos, vermelhidão (primeiros sinais de mastite), pode ocorrer obstrução do ducto, feridas dentro outras dificuldades comuns (colocar o post dificuldade comuns na amamentação).
Já que você leu o que pode acontecer, vamos dar a Terceira grande dica – COMO AGIR!
Evite introdução de bicos artificiais como chupeta, mamadeira, bico de silicone não existem doses seguras sem que interfiram negativamente na amamentação. Confie no seu corpo tudo irá se regular, porém se estiver sentindo dores ao amamentar procure ajuda.
Se você não é a puérpera: dê apoio, entenda a dor da mãe, acolha, ofereça ajuda busque informações atualizadas, não incentive a desistir (oferecer outro leite, mamadeira ou qualquer outra forma raramente será melhor solução), dizer que é normal também NÃO ajuda. Mas estar perto, dar apoio físico e emocional são essenciais e digo mais dê de presente uma consultoria. Este gesto é para vida!
Se você é puérpera repita comigo: A dor pode acontecer, mas não é normal! Feridas, sangramento não são aceitáveis! De novo: A dor pode acontecer, mas não é normal! Feridas, sangramento não são aceitáveis! Se isso acontecer peça ajuda!
Por Leylanne De Robertis
Fonoaudióloga
CRFA 2/16423